Redação
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A Polícia Civil concluiu, dentro do prazo regular de dez dias, as investigações sobre o feminicídio ocorrido em Barbacena, no dia 12 de julho, quando uma mulher, de 35 anos, matou a filha, de 1,2 ano, com mais de 37 perfurações e 25 feridas multiformes, sem que a avó, presente ao local, buscasse socorro imediato.
A delegada responsável pelo caso, Amanda Sfredo Martins Prezotti, disse que concluiu pelo indiciamento da mãe, por homicídio qualificado, e da avó, por omissão de socorro.
O homícidio foi qualificado por três agravantes: violência doméstica contra a mulher (feminicídio), crueldade e impossibilidade de defesa da vítima. Neste caso, a pena pode alcançar o máximo previsto na legislação brasileira, de 40 anos. Já omissão de socorro prevê 6 meses de prisão, que pode ser triplicado em função da gravidade.
A delegada regional Flávia Mara Camargo Murta, lembrou que a mãe foi presa em flagrante no mesmo dia do crime. A avó, no entanto, só se tornou suspeita posteriormente, quando as investigações comprovaram que a versão dos fatos alegada por ela não fazia sentido.
Reconstituição do crime
Os investigadores fizeram uma reprodução simulada dos fatos, que é uma espécie de reconstituição do dia do crime. De acordo com o investigador Rosemberg Pereira, ela foi feita com base na visão da até então única testemunha ocular do fato, a avó da criança. “Isso pode nos ajudar um pouco a entender a motivação do evento”, afirmou.
Pereira atesta que o que a avó descreveu a colocava como suspeito de atrasar o socorro da criança em quase uma hora: após ouvir os gritos da criança que estava sendo esfaqueada, do lado de fora da casa, ela teria demorado 20 minutos para entrar, pegar a neta no chão da cozinha, colocá-la na cama e sair em busca de socorro.
Ele conta ainda que, ao invés de gritar e pedir ajuda para os vizinhos próximos, ela andou de 500 a 600 metros, o que correspondeu a cerca de 7 minutos (isso só de ida), entrou em uma casa e ainda demorou mais 5 minutos antes de retornar à residência da filha. “A residência está a 2 minutos do nosso pronto-atendimento, o Hospital Regional”, calculou o investigador, atestando que agilidade no socorro poderia ter salvado a vida da criança.
Violência contra a mulher
Segundo a escrivã Isabel Cristina Moreira, foi a primeira vez que a mãe registrou queixa contra o marido e, após ter conseguido medidas protetivas, eles não tiveram mais contato. “A autora, mãe da criança, pediu medidas protetivas contra o marido. Medidas essas que foram cumpridas e, desde então eles não tiveram contato”, informou a escrivã.
A delegada regional afirmou que não há nenhum indício e que o pai tenha participado do crime contra a filha. Foi uma atitude exclusiva da mãe da criança, segundo as investigações apontaram.
Surto psicótico?
Segundo os investigadores, a mãe alega que teve um surto psicótico e que não se lembra de ter matado a filha. Ela sustenta que estava se sentindo muito pressionada, já que no dia anterior, um sábado, tinha sido vítima de violência doméstica praticada pelo marido.
A polícia levantou que há dois anos, ela vinha sendo acompanhada por psicóloga e psiquiatra. A psicóloga atestou que ela vivia uma relação conflituosa com o marido, que desencadeava estresse e ansiedade, mas nada que, na ótica da profissional, pudesse resultar a um evento desta natureza.
A médica psiquiatra que a tratava disse que ela havia sido diagnosticada com transtorno bipolar. Admitiu que a falta da medicação pudesse agravá-lo, mas ressaltou também que não havia no prontuário da paciente registro de surto anterior.
a avó também alega que fazia tratamento psicológico. Segundo a delegada regional, a possível incapacidade de mãe e avó será avaliada por um psiquiatra forense, no decorrer no processo judicial.