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ARTIGO: EU ME RECOLHI EM CASA… E VOCÊ?

(Imagem: Reprodução/redes sociais)

Por Maura de Nazareth *

Enquanto as pessoas ainda discutem sobre qual o impacto do COVID-19 no Brasil e no mundo, tendo ainda diversas delas que ainda acreditam que se trata apenas de uma gripe que “só mata velho”, eu me recolhi em casa.

Estou no grupo de alto risco embora tenha menos de sessenta anos, motivo pelo qual decidi hoje, 16 de março de 2020, me recolher e intensificar ainda mais os cuidados de higiene e evitar ao máximo o contato com outras pessoas.

Trabalho de casa, com idas somente quando estritamente necessário. Dispensei a secretaria sem prejuízo no salário e passarei a fazer o serviço doméstico e a cozinhar. Compras, só pela internet, enquanto ainda houver quem venha entregar. Companhia, só da minha cachorrinha e do celular, claro.

Exagerada? Talvez, mas certamente não vou pagar para ver, até porque já estamos vendo, bem claro, o que esse vírus é capaz de fazer numa sociedade.

Se individualmente ele pode ser majoritariamente inócuo, o efeito em toda uma sociedade é devastador, não se pode negar.

Se individualmente ele pode ser majoritariamente inócuo, o efeito em toda uma sociedade é devastador, não se pode negar.

Quanto mais tentamos tampar o sol com a peneira, fazendo graça, ridicularizando quem já está tomando precauções e não dando a verdadeira importância ao que já estamos vivendo, pior será a nossa sorte, a exemplo da Itália que por descrença já tem na conta, em cerca de um mês, mais de 1.900 mortos, fora os ainda gravemente doentes, que certamente terão sequelas para o resto de suas vidas, pois já está sendo verificado cientificamente os danos irreversíveis que esse vírus pode causar nos pulmões das pessoas.

Recolhida em casa, vêm as reflexões.

Sensação de estar vivendo um filme desses de catástrofes biológicas, que começam sempre da mesma forma, pessoas não dando importância para uma tragédia iminente…

Medo do novo, da solidão, da rotina diferente da que está acostumada a tantos anos… Saudade dos parentes que viu faz poucos dias, e dos amigos que sempre estão as voltas em reuniões, jantares, cinemas, teatros ou simples bate papo.

Quanto tempo isso vai durar? Como estaremos quando a crise acabar? Em qual grupo estatístico figuraremos?

Como suportaremos, de longe, o sofrimento das pessoas queridas ou, pior, a morte delas?

Uma coisa é certa, aquele que sair fisicamente ileso dessa crise, certamente não será mais o mesmo emocionalmente. Nada mais será o mesmo. Isso assusta e demais!

Para aqueles que possuem religião, que acreditam em Deus, como é meu caso, (…) este é aquele momento da parábola em que Jesus nos coloca em seu colo…

Para aqueles que possuem religião, que acreditam em Deus, como é meu caso, sabemos que nada é por acaso, que tudo tem uma razão de ser e que este é aquele momento da parábola em que Jesus nos coloca em seu colo…

Sabemos disso e é a única coisa que nos impulsiona e nos dá força para enfrentar todas essa indagações, incertezas, medos e angústias.

Gostaria de acreditar que eu possa estar exagerando, talvez pelo medo de pertencer ao grupo de risco, mas, de verdade, não é só de morrer que tenho medo, mas de viver essa crise e as suas consequências.

Hoje ouvi o ministro da saúde estimar em 20 semanas a contenção da crise do Brasil ante ao Covid-19 e penso: como estaremos daqui a vinte semanas?

A cada um, deixo essa reflexão e a súplica para que se cuidem, o máximo que puderem, com fé e esperança.

  • É juizforana e mora em Brasília (DF).

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