Celso Bejarano
Especial para o Notícias Gerais
Brasília (DF) – Após receber duras críticas, o presidente Jair Bolsonaro desmarcou o churrasco programado para este sábado (9), dia em que a Covid-19 superaria a casa das 10 mil mortes do país, de acordo com os cálculos das autoridades sanitárias.
O churrasco havia sido anunciado pelo presidente na sexta (8), quando ele informou que receber 3 mil convidados no Palácio da Alvorada. Mas o cancelamento na última hora não desanimou os apoiadores do presidente, que protestaram na manhã deste sábado (9), na Esplanada dos Ministérios.
Como tem ocorrido com regularidade maior nas duas últimas semanas, os manifestantes voltaram a gritar pela saída dos presidentes da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do DEM. Ele também criticaram à exaustão os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda insultaram a imprensa, a quem chamaram de “canalha”.
Prefeitos e governadores – João Dória (PSDB), de São Paulo, principalmente – também foram duramente atacados pelos seguidores de Bolsonaro. Para os manifestantes, o isolamento social, imposto em diversas localidades do país como medida de combate à pandemia, estaria prejudicando a economia nacional.
Os bolsonaristas querem o mercado livre, um desacato às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Quanto mais juntas as pessoas tiverem mais pessoas devem ficar infectadas pela enfermidade mortal.
Eram 9h quando os manifestantes pró-Bolsonaro se juntaram na Esplanada. Líderes do ato subiram num caminhão estilo trio elétrico e passaram a repreender o que eles veem como “inimigos do presidente”.
Havia entre os militantes, segundo eles, líderes bolsonaristas vindos de partes distintas do país, como Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, entre outras regiões.
Além de pedirem as cabeças dos chefes do Judiciário e do Legislativo – e ainda xingarem a imprensa, eixos da democracia no país -, os líderes dos ato comentaram assuntos como apropriados para combater a pandemia e que ainda não foram definidos como certos pela ciência médica.
Para os manifestantes – poucos usavam máscaras, como orienta o Ministério da Saúde -, o “remédio de Bolsonaro”, a cloroquina, que “custaria R$ 1”, seria o antídoto perfeito para a doença que tem matado ao menos 600 brasileiros por dia.
Até uns dias atrás, o presidente propagava insistentemente que o uso do medicamento, produzido para pacientes infectados com a malária e o lúpus, era a alternativa precisa para a cura.
Contudo, para a medicina, não há ainda qualquer estudo que aponte a cloroquina como a terapia ideal para o coronavirus.
Depois dos discursos, os manifestantes, em torno de uns 200, segundo estimativa presumida, foram para a frente do Palácio do Planalto, onde seguiram com as palavras de ordem.
Participantes do manifesto acreditavam que Bolsonaro apareceria por ali para saudar seus seguidores. No entanto, até por volta das 14h30 minutos, o mandatário não tinha ido lá. Todo o ato foi acompanhado, de longe, por policiais militares.
No último protesto dos bolsonaristas, profissionais da imprensa foram agredidos durante o ato e o caso foi parar na polícia. Neste sábado, no manifesto, líderes do movimento insistiram em dizer que os agressores em questão seriam “infiltrados”, ou seja, nenhum deles tidos como apoiadores do presidente. A polícia identificou os agressores e deve ouvi-los nos próximos dias. O episódio foi criticado por parlamentares e integrantes do Judiciário.