Redação
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Tem 50 anos a receita do picolé de coco branco, do tradicional Picolé do Amado, feita até hoje em São João del-Rei. É igualzinha à original, a primeira que o senhor Amado Vieira fez em uma situação inusitada. Vou contar.
Na década de 60, ele tinha bar na estação ferroviária e com a redução das viagens, já pai de família, se viu obrigado a arranjar outra forma de sustento. Foi aí que alugou um imóvel na rua José Leite de Andrade, 28, perto da Maria Fumaça, e começou a consertar de tudo, bicicleta, enceradeira, o que levassem ele dava um jeito de fazer funcionar, parecia um mágico.
Um dia um cliente levou uma máquina de fazer picolés que tinha estragado. Ele mexeu, mexeu nela, e arrumou. Para testar se o serviço tinha ficado bom, fez um picolé de coco e deu para parentes e amigos. O pessoal gostou tanto que pediu para ele fazer mais. E ele fez. Dias depois, o dono voltou à loja e disse que não tinha mais interesse no equipamento e trocava por qualquer coisa.
“Meu avó fez rolo como esse cliente e até hoje estamos aqui, fazendo picolé”, relata a neta, Fernanda Machado Vieira, de 39 anos. Ela já é terceira geração de picolezeiros dos Vieira.
Fernanda trabalhou na loja de São João del-Rei, com a tia Doraci. Antes da pandemia, era da produção. Desde os 16 anos, entrou para o negócio da família. Mãe aos 15 anos, precisava trabalhar. O filho dela, também trabalha lá. Já é a quarta geração… e por aí a tradição segue. No isolamento, administra o delivery. Para pedir, tem que ligar ou mandar WhatsApp (32) 9 9988-4899.
Com a pandemia, dia 23 de março, há exatos 4 meses, a loja fechou as portas para clientes no local. Para sobreviver, começou a vender delivery. Os clientes, segundo Fernanda, não abandonaram o Picolé do Amado. Mas as vendas caíram 50%, porque o turismo está parado e as festas suspensas, para evitar aglomeração. Festa de crianças, adultos e até casamentos contratavam os sabores do Amado para alegria dos convidados. No casamento de Marcelo e Fabiana, por exemplo, teve.




Fotos: Divulgação / Picolé do Amado
Em Tiradentes, que também tem uma loja, perto da praça central, só tem venda delivery, assim como em Belo Horizonte, onde o irmão de Fernanda, Luciano toca uma loja, no bairro Anchieta, junto com a esposa dele. Em BH, Luciano já fazia entregas, mas em SJDR e Tiradentes não. Tiveram que inovar.
Cada picolé custa de R$ 4 a R$ 6,50. São mais de 30 sabores de fruta natural.
Quando seu Amado adoeceu, a dona Doraci cuidou dele e o pai de Fernanda, senhor Dalmo, conduziu a loja. “É um negócio de família”.
Senhor Amado e sua esposa, já falecidos, deixaram sete filhos Darli, Dalton, Dalvina, Dalmo, Doraci, Dalmir e Delcy. Mais cinco netos – Luciano, Philipe, Renata, Anna Karoline e Fernanda e um bisneto, Raphael.


Foto: Divulgação / Picolé do Amado