Início Gerais Economia EM ALTA TEMPORADA, MAS COM POUCOS TURISTAS, CIDADES HISTÓRICAS AMARGAM PREJUÍZOS

EM ALTA TEMPORADA, MAS COM POUCOS TURISTAS, CIDADES HISTÓRICAS AMARGAM PREJUÍZOS

Imagem: Carol Rodrigues

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

Minas Gerais concentra cerca de 60% do patrimônio cultural do Brasil. São cidades que contam histórias, que tocam os sinos, são belezas naturais, arquitetônicas e gastronômicas que encantam turistas de todos os lugares. Com a pandemia, porém, a baixa de visitantes no estado acarretou prejuízo enorme, não apenas para o setor. 

Em 2019, Minas Gerais recebeu em torno de 30 milhões de turistas, de acordo com informações da Secretaria de Estado de Turismo, e este ano a expectativa era que o número subisse para 32 milhões. Porém, com o avanço da Covid-19, os dados não são animadores. 

Em abril, importante mês para o turismo em Minas Gerais devido a feriados como a Semana Santa, a estimativa era de receber cerca de 10 milhões de visitantes. O número real foi bem menor: apenas 630 mil pessoas visitaram o estado. “Teve alguma movimentação, mas bastante irrisória ainda, frente ao que a gente tinha de expectativa”, comenta a subsecretária de Estado de Turismo, Marina Pacheco Simão.

Festa de Nossa Senhora do Carmelo, em São João del-Rei, realizada a portas fechadas pela pandemia.
Imagem: Marcos Luan

Em 2019, a atividade turística gerou para Minas Gerais cerca de R$ 20,6 bilhões e, em 2018, foi responsável pela criação de 376.943 de empregos, o que representou 7,92% dos empregos em todo o estado. Os dados são do Observatório do Turismo em Minas Gerais. 

A alta temporada no estado do mar de morros é entre abril e junho, devido à feriados religiosos e também pelo período de férias e o prejuízo não é apenas para o setor. O turismo é responsável por movimentar a economia como um todo e gerar emprego e renda em diversas áreas. “Não fomos os únicos a sofrer diretamente os impactos da pandemia, mas somos os primeiros a parar e um dos últimos a retornar, exatamente porque lidamos com deslocamento de pessoas e, por vezes, algum tipo de aglomeração”, diz Marina Simão.

Agora, Minas Gerais se prepara para a retomada do turismo no estado. O plano “Minas para Minas” deve ser lançado e implementado até meados do próximo mês, em agosto, e prevê o incentivo do turismo para o próprio mineiro.

Região das Vertentes

Arquitetura, cultura, gastronomia e segurança são alguns dos principais fatores que atraem o turista para o Campo das Vertentes, que engloba cidades como Tiradentes e São João del-Rei, como aponta o gestor do circuito turístico Trilha dos Inconfidentes, Marcus Vinicius da Costa Januário. 

A Trilha dos Inconfidentes trabalha no desenvolvimento do turismo para 24 cidades da região, com o objetivo de ajudar os municípios a crescerem por meio do setor, aumentando renda e atraindo mais visitantes. De acordo com o gestor, o prejuízo para a região já está sendo gigantesco. 

imagem: Carol Rodrigues

Segundo dados da organização, os eventos na região de Tiradentes e São João del-Rei movimentavam cerca de 30 a 40 mil pessoas por mês. Com a pandemia e a suspensão das atividades de turísticas principais, a previsão é que a perda econômica seja enorme. 

“A gente sabe que esse ano não deve conseguir chegar nem perto do que foi no ano anterior. Essa retomada vai ser bem mais lenta”, afirma Marcus Vinícius. De acordo com ele, a Trilha elaborou uma série de pesquisas e constatou que o turista só se sente seguro para voltar a frequentar a região a partir de agosto, “antes disso não teve movimentação”, completa. 

Ele destaca que para o turismo funcionar com qualidade e para as cidades serem de fato atrativas aos visitantes, é preciso que toda a cadeia esteja funcionando. “Não é apenas hotel estar aberto”, comenta. Desta forma, restaurantes, museus, parques também precisam estar atuantes. 

imagem: Trilha dos Inconfidentes

Em Minas Gerais, o turista busca tranquilidade, apreciar a boa gastronomia e a cultura local indica o gestor da Trilha. “Apreciar mais a natureza, a vida rural, tudo isso tem feito com que aumentasse a procura pelas nossas cidades. […] A gente tem de tudo um pouquinho e é isso que o turista quer”. 

“Toda a construção cultural do país começou por aqui, a gente teve a Inconfidência Mineira, todo o processo de extração de ouro, de pedras preciosas que passou por aqui, a estrada real, toda a formação cultural da sociedade mineira”, diz a subsecretária de Turismo. De acordo com ela, Minas, o berço da liberdade brasileira, atrai tanto pelo antigo quanto pelo moderno, pela gastronomia e pelo próprio “jeitinho mineiro”.

imagem: Trilha dos Inconfidentes

Ela explica ainda que, devido ao fato das cidades do estado terem ficado “esquecidas” por algum tempo, o patrimônio de Minas Gerais ficou preservado. Dos casarões históricos aos parques naturais, 40% dos turistas de 2017 visitaram Minas a lazer, de acordo com o Observatório do Turismo. 

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