André Frigo
Notícias Gerais
O pânico provocado pela pandemia Covid-19, aliado à notícia divulgada pelas redes na internet de que os medicamentos cloroquina e hidroxicloquina seriam eficazes no tratamento dos pacientes afetados pelo coronavírus, fez com que a população corresse às farmácias da cidade e região esgotando os estoques.
Esse desabastecimento deixou em alerta Eduardo Lara Coelho, 49 anos, servidor público e residente em Resende Costa. Sua filha, Natália de Oliveira Coelho, 25 anos, é portadora de lúpus, doença autoimune que provoca muitas dores. Por isso, ela faz uso continuo do remédio Reuquinol 400 mg, a base de hidroxicloroquina.
Nesta quinta (19), Eduardo procurou sem sucesso o Reuquinol nas farmácias de Resende Costa, depois em São João del-Rei e finalmente em Belo Horizonte. Preocupado, ele fez um apelo, primeiramente pelo WhatsApp e, em seguida, no Instagram. “Apelei para quem tivesse o remédio que me vendesse pelo menos uma caixa para garantir a continuidade do tratamento da minha filha”, explica.
Contra o medo, a solidariedade
Em apenas duas horas, recebeu dezenas de mensagens de pessoas que também fazem uso do medicamento se dispondo a doá-lo. “Recebi respostas de todos os lugares. Daqui de Resende Costa, de São João del-Rei, de Belo Horizonte, do sul do país. Duas pessoas se comprometeram a doar e estou aguardando o contato”, afirma.
Nesta sexta (20), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a cloroquina e a hidroxicloroquina como remédios controlados. A medida é para evitar que pessoas que não precisam do medicamento provoquem um desabastecimento no mercado. “A falta do produto pode deixar os pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide sem os tratamentos adequados”, justificou o órgao, em nota.
Desinformação e desencontro no governo
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou, nesta sexta (20), que o governo brasileiro já está produzindo e fornecendo medicamentos com base na cloroquina para pacientes que contraíram Covid-19 e se encontram em estado grave.
A afirmação, porém, contraria a Anvisa que, em nota divulgada na quinta (19), afirmou que “apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19”.
Nesta sexta (20), às 14h33, a Anvisa soltou outra nota garantindo se tratar de fake news a informação de que os medicamentos à base de cloroquina e hidroxicloroquina estariam sendo recolhidos nas distribuidoras.