Marina Santana *
Como o nome já diz, o filme conta a história por trás de uma das vilãs mais icônicas da Disney. A releitura do clássico na nova era de live actions do estúdio surpreende ao contar de forma criativa a origem da antagonista do filme “Os 101 Dálmatas”. Ao contrário do que foi feito com os anteriores filmes de origem, como os filmes da vilã Malévola, o longa não se preocupa em demonstrar a inclinação à psicopatia e a maldade da personagem principal, que desde o início já deixa claro: é Estella mas também pode ser Cruella, lados opostos de uma mesma menina com sonhos e traumas – e a atriz Emma Stone entrega uma atuação impecável, que demonstra perfeitamente a ambiguidade da personagem.
Aliás, as atuações e a química entre os personagens não decepcionam – a atuação de Emma Thompson está magnífica e casa muito bem com Emma Stone, em uma dupla de chefe e funcionária a lá “O Diabo Veste Prada” (2006). Química presente também no trio formado pela protagonista, Joel Fry (Jasper) e Paul Walter Hauser (Horácio). Os cachorros também são personagens indispensáveis na temática do filme, no entanto, em alguns momentos, o CGI feito para representar os amigos caninos de Cruella deixa a desejar. Em contrapartida os personagens Anita (Kirby Howell Baptiste) e Roger (Kayvan Novak), aludindo a animação original da história, não acrescentam ao roteiro, mas fazem um bom fanservice, principalmente na cena pós-crédito.
Outro fato que surpreende e enche os olhos do telespectador é a estética do longa, que mistura elementos da cultura Punk britânica da década de 1970 e elementos da alta costura europeia, formando uma dupla deslumbrante. As inúmeras referências à contracultura underground britânica se fazem marcantes, e vão desde a trilha sonora, que conta com nomes como The Stooges, The Clash e Blonde, à maquiagem dos personagens, em alusão a personalidades icônicas da época, como a cantora Siouxsie Sioux e o cantor David Bowie. Além dos modelos criados pela estilista que unem a moda punk de roupas rasgadas, bottons, e alfinetes de segurança a vestidos luxuosos. E há ainda a própria Cruella, possuindo uma atitude rebelde, típica da contracultura da década de 1970, dando um toque a mais na construção da personagem.
Sem deixar de lado a imagética fantasiosa do universo Disney, o longa dirigido por Craig Gillespie proporciona diversão e emoção ao público.
O filme estará disponível para assinantes do streaming Disney+ a partir de julho, e é uma experiência agradável e imperdível.
* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, durante a disciplina remota de Produção Textual.
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