

Najla Passos
Da Editoria
São Tiago ganhou projeção nacional se isolar do restante do país, no último sábado (21), para garantir que sua população não seja contaminada pela Covid-19. Agora, organizações da sociedade civil preparam, com o apoio da Prefeitura, uma ação conjunta para garantir amparo aos trabalhadores informais, impedidos de trabalhar durante a quarentena.
Trata-se do projeto ‘Rede do Bem’, que conta com a parceria do Rotary Clube, da Ordem dos Vicentinos, da Associação de Pais e Amigos de São Tiago, dentre outras instituições. “Nós queremos garantir que a empregada doméstica ou o pedreiro, que já estão sem trabalhar, não passem necessidade”, afirma o prefeito Denilson Reis (PSDB).
De acordo com ele, a APAE vai funcionar como centro receptor das doações de alimentos, gás e produtos de higiene, enquanto os Vicentinos cuidarão da conta para recebimento de doações em dinheiro. “A Prefeitura vai dar apenas o suporte, mas é a sociedade civil que irá administrar as ações”, ressalta.
Prevenção da violência e do sofrimento emocional
O prefeito avalia que a ação terá impacto positivo também na prevenção da violência na cidade e do sofrimento emocional da população. “Há pessoas que já começaram a necessitar de amparo esta semana, porque dependem do seu trabalho diário para colocar comida na mesa. Queremos evitar que os problemas psicológicos se agravem e até que a criminalidade aumente”, esclarece.
Conforme Reis, os parceiros estão acertando os últimos detalhes, como a abertura de conta bancária para recebimento das doações. “A nossa expectativa é que o projeto comece a funcionar na próxima quinta (26)”, informa.


Barreira sanitária e isolamento
Sem nenhum caso de suspeita de contaminação de coronavírus, São Tiago surpreendeu o país no sábado, ao fechar os acessos ao município. A primeira ideia foi trancar as estradas secundárias com arame farpado. Porém, para evitar que alguém se machucasse, os arames foram substituídos por montes de areia.
“Na quinta e na sexta, a situação foi bem tensa. Por isso fechamos as entradas secundárias e concentramos o fluxo na entrada principal, onde foi instalada uma barreira sanitária”, conta o prefeito. Segundo ele, os turistas foram orientados a voltar para suas cidades de origem.
Já os moradores de outros município que buscavam refúgio na casa de parentes são-tiaguenses preencheram um formulário com nome, documento e endereço, e se comprometeram a cumprir o isolamento domiciliar de sete dias. “Durante o final de semana, nós já monitoramos se eles estavam cumprindo o combinado”, ressalta Reis.


Ônibus suspensos
As três companhias de empresas de transporte rodoviário que atendem o município foram comunicadas para suspenderem seus trabalhos. Conforme o prefeito, as empresas São Vicente e São Cristóvão atenderam prontamente. Já a Transmoreira, que faz a linha São Tiago – Belo Horizonte, exigiu maior negociação.
“Nós argumentamos que era uma abusrdo uma empresa que circula em área de contaminação comunitária permitir que seus colaboradores circulassem pela cidade. Porque o motorista que vem dorme aqui, se alimenta aqui, tem contato com as pessoas daqui. E pode trazer e transmitir o vírus”, explica o prefeito.
‘Puxão de orelha’ do governador
O governador Romeu Zema (NOVO) afirmou em coletiva à imprensa, nesta segunda (23), que deu um ‘puxão de orelha’ nos prefeitos que fecharam seus municípios por conta própria, por achar a medida excessiva. “Tenho solicitado aos prefeitos que revejam essa questão de impedir o acesso, porque muitas vezes pode estar impedindo que algo fundamental, importantíssimo, deixe de chegar à população e as precisos precisam se deslocar”, justificou o governador.
Denilson Reis confirmou que foi contatado no final de semana, mas não pelo governador. “Alguém da assessoria do governador me ligou sim. Foi uma conversa amistosa, mas me mantive convicto e ainda recomendei que o Estado fizesse o mesmo com suas fronteiras. Vamos ter prejuízos econômicos, mas precisamos salvar vidas”, defendeu.