Guilherme Guerra
Especial para o Notícias Gerais
Ser contemporâneo de um momento histórico é uma sensação única. É assim com a pandemia, e foi assim com a chegada de Loco Abreu ao Athletic. Talvez eu não acreditaria se me dissessem lá em 2018, que aquele mesmo time que estava voltando à ativa, estaria em 3 anos na Série A do futebol mineiro, sendo pauta no noticiário nacional e internacional, contratando um jogador de Copa do Mundo. Não por duvidar do projeto ou por não crer na força de uma instituição centenária, mas por ser um processo rápido e intenso demais.
Eu sempre fui apaixonado por futebol e pelas histórias que permeiam a bola, sempre me interessei pelos bastidores e continuo acreditando que apesar do futebol estar em crescente mudança, se tornando algo cada vez mais mercadológico, ainda há paixão e brilho no olhar de quem vive o futebol.
A paixão do torcedor nunca morreu, ainda mais no futebol interiorano, onde é difícil um clube simplesmente conseguir existir. A paixão do torcedor athleticano também não morreu, e independente do que aconteça daqui pra frente, esse amor só irá aumentar. Fico imaginando o que se passa na cabeça e no coração daqueles mais velhos, como Magno dos Santos, que vive o Athletic desde 1959, viu o clube sair do cenário profissional, e 50 anos depois, estar novamente na elite mineira. Magno, ex-jogador e hoje coordenador de Futebol, ontem foi homenageado em vida e hoje dá nome a nova sala de imprensa do clube.
Fico tentando sentir o mesmo sentimento do são-joanense mais novo, que cresceu frequentando o clube nos campeonatos amadores, ou que passou pelas categorias de base do time. Não consigo sentir, afinal não sou são-joanense. Mas como amante de boas histórias, sinto-me parte desta. Vibro como aqueles que estavam nas arquibancadas pré-pandemia, ou que estavam no portão do estádio recebendo o novo ídolo.
Na coletiva, Abreu mostrou ser o mesmo de sempre. Descontraído, de humor ácido, mas também sério e comprometido. Quando perguntei sobre o que ainda o movia pelo futebol, e o que a bola representava para ele, Sebastian foi categórico como o italiano Arrigo Sacchi: ‘‘É a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes da vida’’. Completou dizendo que é apaixonado, e que faz por manter essa chama acesa. Nem precisava se estender por mais três minutos como fez, seu olhar brilhava como os olhos de um garoto que ganha uma bola de aniversário.
Qual foi a última vez em que você foi dormir extasiado (a) de vida? Em que você olhou para os céus e agradeceu por estar onde você está, vivendo aquilo que você viveu? Não sei vocês, mas nesta quarta-feira (10) eu me senti assim. Parecia que o destino, universo, ou qualquer outra força motora do cosmos, tornou a grama do Estádio Joaquim Portugal a mais verde do Campo das Vertentes. Enquanto caminhava pelo gramado ao lado do novo Camisa 13, perguntei o que ele achou da recepção e novamente não precisava de resposta, os olhos falavam por si.
‘‘O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes da vida’’
Loco Abreu