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NASCIDO EM BARROSO, BASÍLIO DE MAGALHÃES É HOMENAGEADO PELO MUSEU REGIONAL DE SJDR

Imagem: Reprodução

Wanderson Nascimento
Notícias Gerais

Na coluna “Gente das Vertentes”, em seu site oficial, o Museu Regional de São João del-Rei fez uma publicação em homenagem a Basílio de Magalhães. Personagem marcante na história brasileira, ele nasceu onde, hoje, se situa a cidade de Barroso, e foi historiador, folclorista, professor e político.

Nascido em 1874, teve seu registro de batismo assentado às folhas 44 do 1º Livro de Batizados da Paróquia de Sant’Ana, de Barroso, desfazendo as controvérsias sobre sua naturalidade, que é descrita como São João del-rei em algumas biografias. Filho de Antônio Inácio Raposo e Francisca de Jesus, teve como padrinhos de batismo Ladislau Artur de Magalhães e Prudenciana Augusta Meireles, que dão nomes a importantes ruas da cidade.

Os pais de Basílio viviam e trabalhavam na propriedade de Ladislau, Fazenda Venda Grande, nas proximidades do Córrego do Cangalheiro. “Algumas biografias trabalham com a hipótese de Basílio ser filho natural de Ladislau, que inclusive o criou até certa idade sob a justificativa de que Antônio e Francisca não tinham condições de cuidá-lo”, afirma a publicação do Museu. Essa influência pode ter contribuído para a ascensão social de Basílio, pois foi por meio de Ladislau que ele teve seu primeiro contato com a alfabetização.

A família imperial e a precoce carreira jornalística

Em 1881, a família imperial compareceu na inauguração da Escola João dos Santos, em São João del-Rei. Na época, Basílio mudou-se para São João del-Rei, ganhou uma bolsa de estudos e uma medalha de ouro por ter sido destaque entre os alunos.

De acordo com a publicação, ele iniciou a carreira jornalística ainda adolescente, até que se mudou para São Paulo, em 1892, quando foi aprovado em concurso para atuar no Fórum de Campinas. Na mesma época, foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Academia Paulista de Letras e Academia Mineira de Letras (sócio honorário).

Ao longo de sua vida, Basílio de Magalhães também já foi delegado de polícia, professor efetivo de História Geral e História do Brasil da Escola Normal do Rio de Janeiro, professor na Escola Nacional de Belas Artes; senador por Minas Gerais, presidente da Câmara de São João del-Rei, agente executivo municipal (equivalente ao cargo de prefeito); deputado federal – inclusive autor de projetos como o de voto secreto e obrigatório e da proposta de extensão de voto às mulheres.

Membro de 26 associações culturais

Além disso, Basílio foi membro de 26 associações culturais, sendo nove estrangeiras. De acordo com o historiador José Antônio de Ávila Sacramento, em texto de tributo a Basílio de Magalhães, ele é patrono de uma cadeira do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei (cadeira número 20, cujo titular é o confrade José Primeiro Teixeira Neto) e da cadeira número 07 da Academia de Letras de São João del-Rei,

Era poliglota, inclusive, com domínio de línguas indígenas. Possuía uma biblioteca com mais de 20 mil títulos e produziu muitas obras. Segundo o historiador, Basílio deixou cerca de uma centena de livros escritos, discursos, artigos, prefácios. “O neto dele, dr. Jorge Romeiro, disse ter contabilizado 98 obras”, afirma.

Preconceito por ser “mestiço”

De acordo com a publicação, Basílio enfrentou, em sua trajetória, muita discriminação por ser “mestiço”, filho de pais pobres, além da suposta condição de ser filho natural de Landislau, ou seja, proveniente de uma relação extraconjugal.

“Basílio de Magalhães faleceu em 1957, aos 83 anos, em decorrência de uma hemorragia cerebral, eternizando sua intelectualidade e dedicação nas áreas de literatura, folclore, história e política”, destaca o texto. Segundo José Antônio de Ávila, o intelectual faleceu na cidade de Lambari-MG, “esquecido e pobre, a ponto de ter que vender sua biblioteca para sobreviver”.

José Ávila destaca que Basílio soube fazer seus questionamentos e reflexões, foi independente, manteve distância da mundanidade da malha social e política de sua época. Ele também afirma que todas suas qualidades reunidas numa só pessoa afrontava a sociedade da época, e, sem ele querer ou saber, gerava antipatias irracionais e muita inveja.

“Assim foi que o erudito Basílio projetou-se naturalmente no cenário mineiro e brasileiro. Se ele provocou a sociedade de sua época, parece que ainda estar aqui a nos provocar! Mas qual é o papel (ou a função) de um intelectual na sociedade?”, questiona o historiador.

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