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PASSE EM ANIMAIS GERA DEBATE NA COMUNIDADE ESPÍRITA

Membros do grupo de estuda espírita “Estudando os animais” e seus bichinhos de estimação.
(Foto: reprodução)

Kamila Amaral
Notícias Gerais

Os espíritas acreditam que todos os serem emitem um tipo de energia espiritual que, através do passe, pode ser transmitida de uma pessoa para outra. No entanto, os membros da comunidade espírita divergem sobre a aplicação do passe em animais. 

Enquanto alguns defendem que, mesmo se tratando de formas de vida ainda não tão evoluídas quanto os humanos, os animais podem e devem receber o passe; outros acreditam que a doação e a recepção dos fluidos salutares, pelo passe, envolvem mecanismos mais complexos, relacionados exclusivamente à atuação da mente humana. 

Coordenadora do grupo de estudos espírita “Estudando os Animais”, a professora Magali de Nazareth defende a tese de que os animais também são espíritos e, mesmo não sendo tão evoluídos quantos os humanos, podem receber o passe.  

Com base nos estudos realizados pela iniciativa, que atualmente conta com 18 membros, considera-se que existem quatro reinos evolutivos na Terra – mineral, vegetal, animal e hominal. Uma vez que todos os espíritos evoluem, eles acreditam que os seres humanos já passaram pelos três reinos anteriores e os animais estariam caminhando nesse processo evolutivo e espiritual. 

Segundo esta linha, os animais  – todos eles e não apenas os domésticos – foram criados por Deus, estão em seu processo de evolução e também são espíritos – assim como os homens – portando uma vestimenta diferente. 

“Nós fazemos o tratamento nos animais conforme nós, espíritas, fazemos nas pessoas: aplicamos o passe virtual, que é uma transfusão de energia, uma doação. (…) Esse passe, esse tratamento espiritual funciona sim. É lógico que a gente não pode nunca descartar o tratamento veterinário, caso o animal esteja necessitado, assim como nós humanos precisamos do médico da terra e precisamos do passe, da parte espiritual”, explica Magali. 

Criada em família católica, ela passou a ter contato com o espiritismo há cerca de 30 anos, quando começou a apresentar dores e sensações de mal estar que não foram explicadas pela medicina. Uma vizinha, então, sinalizou que ela poderia estar apresentando problemas ligados ao espírito e orientou que ela procurasse ajuda em um Centro.

“Eu nem sabia o que era isso na época, mas eu acreditei porque eu senti dentro de mim”, revela.

Apesar de defender que os animais recebam o passe, a professora ressalta que eles não podem servir como intermediários nesse processo por serem formas de vida ainda menos elaboradas e evoluídas. 

Federação Espírita Brasileira

Mesmo encontrando diversos adeptos dentro da comunidade, a Federação Espírita Brasileira (FEB) não acredita que seja possível realizar o passe em animais. A vice-presidenta da federação, Marta Antunes Moura, explica que, para os espíritas, o conceito de passe sempre esteve, por tradição, relacionado ao de cura: uma cura obtida por meio da transmissão de energias fluídicas (magnético-espirituais) à pessoa doente.  

Para a Doutrina Espírita, toda doença tem origem no Espírito imortal que se manifesta em decorrência da lei de causa e efeito. “As doenças representam, portanto, processo de reajuste do Espírito infrator às leis de Deus que, de uma forma ou de outra, foram violadas”, esclarece Moura.

Na visão dela, os animais adoecem em decorrência de desarmonias que acontecem na natureza, provocadas ou não pela ação do homem, e não porque eles têm um débito a pagar ou um reajuste espiritual a realizado.

A federação acredita também que o espírito é um ser pensante, emissor de pensamentos contínuos, dotado de razão e livre arbítrio. A razão confere a capacidade de raciocinar, interpretar, deduzir, relacionar e concluir a respeito de algo. 

“Os animais, mesmo os que se encontram no topo da escala evolutiva, como os chimpanzés, ainda não emitem pensamentos contínuos, nem possuem, efetivamente, a capacidade de  fazer escolhas, pois estas envolvem um certo grau de elaboração mental. A inteligência animal é ainda rudimentar, governada predominante pelo instinto. Sendo assim, como os seus atos resultam da manifestação do automatismo instintivo, não são acionados os mecanismos da lei de causa e efeito”, defende. 

Enquanto a FEB afirma desconhecer maneiras de transferir essa energia para os animais em nível espiritual, a vice-presidenta da associação salienta que o processo inverso – humanos retirando energia dos animais – é bem comum.

“Nós, seres humanos, absorvermos usualmente  os bons fluídos dos animais, ou mesmo das plantas: os indígenas costumam abraçar as árvores quando estão enfermos”, finaliza Moura.

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