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UM ANO DE COMBATE À COVID-19: TÉCNICA EM ENFERMAGEM REVELA DESAFIOS DE SUA ROTINA

Foto: arquivo pessoal

Wanderson Nascimento
Notícias Gerais

A técnica em enfermagem Viviane Coelho completou um ano trabalhando na linha de frente no combate à Covid-19. À reportagem do Notícias Gerais, ela conta que foi um ciclo formado por um verdadeiro turbilhão de emoções e sensações: insegurança, medo, cansaço, ansiedade, apreensão, tristeza e esgotamento, por exemplo. Mas também houveram momentos de alegria, que renovaram um pouco do fôlego da são-joanense e de todos os profissionais de saúde no combate ao novo coronavírus – que já tirou a vida de mais de 300 mil brasileiros.

Viviane de Cássia Coelho tem 39 anos e vai completar, em junho, três anos de formada em seu curso técnico. Ela trabalha na Santa Casa de Misericórdia desde outubro de 2018 e, atualmente, enfrenta o maior desafio de sua carreira: é integrante da equipe hospitalar do Centro de Terapia Intensiva (CTI) da instituição e exerce o seu ofício no atendimento aos pacientes infectados pela Covid-19.

Do início da pandemia até agora, o medo e a insegurança do desconhecido, e ainda pouco conhecido vírus, são parte da rotina diária de Viviane. “Mundialmente, ninguém sabe afirmar exatamente sobre a doença. Porém, junto com a insegurança e o medo, veio a vontade de ajudar, pesquisando, estudando e aprimorando cada vez mais”, conta ao NG.

A primeira consequência triste em sua rotina foi o isolamento da própria família. Divorciada, Viviane deixou os dois filhos – a mais velha tem 15 anos e o caçula, nove – com a mãe, que é avó dos jovens. Por medo de levar, sem querer, o vírus ao âmbito familiar, ela revela que ficou, pelo menos, quatro meses sem ter contato com os parentes, dedicando-se somente ao trabalho.

Foto: arquivo pessoal

O pior momento da pandemia

De tudo que passou nesses 365 dias, toda a incerteza e o medo no início, Viviane expõe que nada se compara ao momento atual. “Quando a gente estava lidando com o vírus no início, pensando que estava amenizando, ele veio com essa variante e a gente está tendo que estudar, pegar informações, adequar no dia a dia. Então, atualmente está difícil, pois os leitos já estão praticamente lotados. E atualmente o coronavírus não está ‘escolhendo idade’ – se é novo, se é velho”, destaca.

Assim como muitos brasileiros, Viviane perdeu amigos e conhecidos para a doença – mas felizmente nenhum familiar faleceu, apesar de vários terem se infectado. “Quando lembro dos amigos, me dá uma angústia e vejo que o coronavírus não escolhe idade, raça, cor, nada…”. E essa angústia se repete a cada aglomeração de pessoas que ela presencia ou vê pela TV.

“Muitas pessoas saem e descumprem as regras de distanciamento, achando que estão presas. Mas elas ficarão presas se precisarem ser internadas, intubadas. Elas vão ver que poderiam aguardar um pouco mais para comemorar. A gente sente falta de um amigo, de um parente, mas temos que ser mais ponderados, pois não sabemos quem está ou não com o vírus”, afirma.

A exaustão tomou conta dos profissionais da saúde, mas Viviane defende que o desejo de vencer essa pandemia dá forças para trabalhar cada vez mais. “A rotina é exaustiva, cansativa, mas é uma situação mundial – todo o mundo está passando por isso”, relata. Ela ainda mostra-se uma pessoa devota a Deus. “O ser humano está estudando, evoluindo, mas é Deus. Cada um com sua religião sua crença, mas também não deixar de tomar as medidas protetivas”.

Mas a pandemia não se resume a maus momentos. Apesar de todo esse cenário nebuloso, Viviane relembra que o aprendizado e a evolução que teve no período foram engrandecedores. “Foi um aprendizado para ajudar o próximo e isso ninguém vai me tirar. Vendo cada sorriso de paciente que sai de uma intubação, é mais uma vida que conseguimos”, finaliza.

“É uma satisfação muito grande quando vemos uma pessoa recuperada”

– conclui a técnica em Enfermagem, Viviane de Cássia Coelho.

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