Raruza Keara *
A crise na saúde gerou impactos duros na economia, afetando vários setores e atividades profissionais. No artigo Mais nós do que pontos, publicado aqui no Notícias Gerais, explicamos os efeitos econômicos para a atividade artesanal e para os pequenos e médios empresários, MEIs (microempreendedores individuais) e artesãos autônomos.
Na região do Campo das Vertentes, o artesanato é uma fonte importante de recursos financeiros para os municípios. Por isso, o interesse da coluna é compreender como e quantos artesãos serão prejudicados pela crise e quais ações poderão diminuir os efeitos negativos sobre o setor, que está ligado à rede do turismo, da gastronomia e da cultura.
“apenas 1 em cada 35 artesãos mineiros poderá fazer parte das políticas públicas do governo”
Em nossa investigação sobre o número de artesãos presentes na região, encontramos alguns dados e estimativas sobre a atividade em Minas Gerais. De acordo com Thiago Thomaz, coordenador de Artesanato do Núcleo de Artesanato da Secretaria de Estado Extraordinária de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (SEEDIF), atualmente, cerca de 350 mil pessoas vivem do artesanato no estado. Desse número estima-se que 150 mil atuem na Região do Campo das Vertentes, o que representa quase a metade de todos os artesãos distribuídos nos 843 munícipios mineiros.
Thomaz ainda explica que a secretaria está alinhada ao Governo Federal, respeitando a Portaria 1.007-SEI, de 11 de junho de 2018, responsável pelo Programa do Artesanato Brasileiro. O Sistema de Informações do Cadastro do Artesanato Brasileiro (SICAB) é uma ferramenta do programa que colabora com a criação de políticas públicas e ações para a promoção do setor artesanal. O cadastro do artesão em Minas Gerais é realizado pela SEEDIF, que apresenta em sua base de dados o cadastramento de 10 mil artesãos.
Esses dados e estimativas, ao serem relacionados, mostram que apenas 1 em cada 35 artesãos mineiros poderá fazer parte das políticas públicas do governo. O SICAB dedica-se à formação do artesão, das associações e dos grupos artesanais, a questão socioeconômica não é o foco do cadastramento. Logo, existe a possibilidade do artesão cadastrado não precisar das ações dessa política.
“Criar redes colaborativas que favoreçam o comércio interno por meio de trocas e parcerias e desenvolver canais interativos como sites de e-commerce para venda de produtos regionais são algumas ações possíveis para o setor”
Thiago Thomaz destaca que as políticas públicas futuras não serão divididas por setores econômicos. Ele acredita que as ações econômicas daqui para frente serão direcionadas aos problemas mais emergenciais do estado durante e após a pandemia.
Esse quadro mostra que a atividade artesanal deverá buscar caminhos alternativos para vencer a crise. Prefeituras, associações de artesãos, pequenos empresários e autônomos deverão construir saídas de forma conjunta. Criar redes colaborativas que favoreçam o comércio interno por meio de trocas e parcerias e desenvolver canais interativos como sites de e-commerce para venda de produtos regionais são algumas ações possíveis para o setor.
Segundo o jornalista Fernando Chaves, a cidade de Resende Costa tem enfrentado esse momento unindo forças. A Prefeitura Municipal, a Emater e a Associação Arcosta criaram a Feira Online da Agricultura Familiar, uma rede colaborativa que tem como alvo clientes na internet. A feira funcionará como um site onde será possível encomendar produtos artesanais e rurais dos produtores locais.
Nos próximos artigos, eu vou trazer entrevistas realizadas com artesãos e artesãs da nossa região contando como estão driblando a crise.
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- Jornalista, docente e designer em crochê