André Frigo
Notícias Gerais
Moradores da rua Antônio Firmino de Paula, no Matoznhos, foram surpreendidos nessa quarta (3) com cortes de árvores ao longo da via férrea que liga São João del-Rei a Tiradentes. Entre as árvores cortadas estaria um ipê – espécie que é protegida por lei e o corte depende de prévia autorização do Poder Público, de acordo com o art. 45 da Lei 9.605/98.
De acordo Hugo Gonze Amorim, que mora na região, as árvores que foram cortadas estão ali há mais de 20 anos. Ele conta que boa parte delas foi plantada por um antigo morador da região, que trabalhava na Polícia Florestal e que teria pedido autorização para fazer o plantio.
O corte das árvores despertou a revolta entre a vizinhança que se mobilizou e conseguiu a suspensão do ato realizado pela empresa. No entanto, não foram dados maiores detalhes para os moradores.
“Nós aqui de casa e os vizinhos estamos revoltadíssimos. Porque tem oito anos que eu e minha família moramos aqui. Um vizinho me disse que essas árvores estão aqui a mais de 20 anos e nunca deu problema… nunca caíram. Eles somente vinham aqui, faziam a poda dos galhos que realmente estavam atrapalhando e podem esbarrar no trem”, comenta Hugo, que continua: “as árvores que não estão sadias a gente super entende, mas as árvores daqui estão verdinhas, a gente sempre cuidou, sempre teve o maior zelo por elas”, pondera.
Empresa diz que “procedimentos (foram) autorizados”
O Notícias Gerais entrou em contato com a empresa VLI, presente no trecho da ferrovia entre São João del-Rei e Tiradentes.
Por meio da sua assessoria de imprensa, a organização aponta que “os trabalhos de poda e supressão de árvores na faixa de domínio são procedimentos autorizados pelos órgãos responsáveis e necessários para manter a segurança das operações e das interações com a população. A atividade foi previamente alinhada com o poder público local e também considerou estudo prévio sobre o risco de queda das árvores”.
No e-mail encaminhado nessa quarta (3), o NG também questionou sobre a quantidade de árvores que seriam cortadas, o número do processo que permitiu essa ação e se a empresa pretendia fazer um plantio de mudas para realizar uma reposição das árvores derrubadas. Entretanto, essas perguntas ficaram sem respostas.
A reportagem do portal percorreu o trecho da ferrovia que fica dentro dos limites da cidade e constatou o corte de cinco árvores: duas na rua Alberto Magalhães, próximo à estação Chagas Dória e três na rua Antônio Firmino de Paula. As duas vias ficam no bairro de Matozinhos.
O engenheiro ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de São João del-Rei, Bernardo Máximo Lima, afirma que, no momento que o órgão tomou conhecimento dos cortes das árvores, encaminhou fiscal ao local e impediu novos cortes. As atividades estão paralisadas até que a empresa se manifeste e apresente as licenças devidas.
“Isso está sendo apurado, é um caso grave. Inclusive a etapa de licenciamento deles dessas supressões está para ir para o Codema (Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente). O Codema ainda nem se manifestou. Eles não poderiam ter cortado”, declara Bernardo.