Caroline Santos Teixeira
Notícias Gerais
Desconhecida por muitos eleitores, a candidatura coletiva é uma nova experiência política que vem se consolidando no Brasil. Trata-se de uma aliança que busca construir um mandato com a influência de várias pessoas, inclusive aquelas que não foram oficialmente eleitas.
Em São João del-Rei, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) lançou três candidaturas coletivas ao Legislativo Municipal durante as eleições de 2020. Uma delas é formada por três integrantes: Marina Campos, Dell Ribeiro e Daniel Miranda – os três são candidatos oficiais ao posto de vereador e possuem um número próprio para serem votados.
Na imagem, estão, em ordem, Daniel, Marina e Dell. (Foto: reprodução)
“Trata-se de utilizar o mandato para defender propostas que não são de uma pessoa, mas de um grupo maior de pessoas. Assim desmistificamos que cargos políticos devem servir a interesses individuais, mas pelo contrário, a política é espaço que pertencem a um bem maior que é a Luta Coletiva”, explica Marina Campos ao ser perguntada sobre o que, de fato, é um mandato coletivo. “Isso quer dizer que, caso sejamos eleitos, vamos trabalhar sobre propostas que defendemos conjuntamente”, completa.
Questionada sobre como surgiu essa iniciativa, Marina aponta que “já existem algumas experiências dessa forma de construir política, como a ‘Gabinetona’, em BH, e as ‘Juntas co-deputadas’, em Recife”. “Nos espelhamos nas histórias e atuações dos mandatos coletivos em outros territórios do país”, afirma a candidata e educadora.
Marina também esclarece que a aliança formada por ela e os outros dois candidatos foi idealizada a partir das propostas em comum que os três possuem. “É importante lembrar que não se trata apenas de dividir o mandato no Legislativo, mas sim, agrupar pessoas que já constroem ativamente as lutas populares na cidade e que juntas agregam para promover mudanças na sociedade são-joanense”, pontua.
A candidata ainda cita a “despersonalização” como uma vantagem do mandato coletivo. Na visão de Marina, não há salvadores da pátria, mas diversas lideranças que irão dividir tarefas e funções durante a legislatura.
Além da parceria constituída por Marina, Dell e Daniel, o PSOL de São João del-Rei também lançou outra candidatura coletiva. Composta por cinco membros, a principal diferença entre as duas é que, na segunda, não terá todos os candidatos concorrendo oficialmente ao cargo de vereador: somente Ageu Mazilão é registrado, oficialmente, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Outra candidatura coletiva é a da candidata Benvinda Dangelo, também do PSOL, que está na luta pela cultura, acessibilidade na cidade e se coloca junto com os movimentos populares, ao lado de Henrique, Ronaldo, Sávio e Pedro.
O que diz a constituição
Na prática, apenas um candidato será eleito, uma vez que a Constituição Brasileira não permite que mais de um candidato tome posse de uma mesma vaga. Deste modo, os outros membros da candidatura coletiva irão participar do mandato, do nome eleito, de modo não-oficial.
