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ENTREGADORES DE DELIVERY FIZERAM MANIFESTAÇÃO EM SÃO JOÃO DEL-REI NESSE DOMINGO (5)

FOTO: André Frigo

André Frigo
Notícias Gerais

Entregadores de delivery fizeram manifestação em São João del-Rei nesse domingo (5) reivindicando melhores condições de trabalho. Inspirados no movimento que paralisou milhares motoboys em dezenas de cidades no Brasil nesta quarta (1), o grupo “Motoboys Cachorros Loucos”, criado há dois anos, convocou os trabalhadores da categoria para lutar pelos seus direitos.

As principais pretensões dos manifestantes são um piso salarial para categoria, registro em carteira, ajuda de custo unificada e periculosidade. Atualmente quando o motoqueiro sofre um acidente ou adoece e fica impossibilitado de trabalhar, ele fica sem receber também. “O trabalho é, entre aspas, de caráter autônomo. Como teve a reforma trabalhista que o nosso golpista Temer assinou, a gente passou a não ter mais esse respaldo. O trabalho foi precarizado, nas grandes capitais tem pessoas fazendo entrega por R$2, R$3, rodando quilômetros. Tem gente fazendo entrega a pé”, declarou Boanerges Soares G. Junior, um dos motoqueiros participantes.

A despeito da inspiração da paralização nacional na quarta (1), os motoboys de São João del-Rei optaram por fazer uma manifestação ao invés da greve, reconhecendo as dificuldades impostas a todos pela pandemia do coronavírus. “A gente decidiu não pela greve devido ao difícil momento que a cidade atravessa, hoje você pode ver que o comércio não está de porta aberta. São só os motoqueiros que estão fazendo entrega nas casas. Devido a isso está mostrando a importância do motoqueiro nesse momento. Decidimos fazer uma manifestação para mostrar que estamos unidos cada vez mais”, declarou Tiago, um dos fundadores do Motoboys Cachorros Loucos.

Importância do movimento

Apesar da baixa adesão dos entregadores, a direção do movimento considerou importante por ser o primeiro passo na busca por melhor renumeração e garantias sociais. Os organizadores reconhecem que uma das dificuldades do movimento reside do fato de que, ao contrário do que ocorre nas grandes cidades, em São João del-Rei os entregadores são ligados ao estabelecimento e quase nunca ao aplicativo.

“A gente é ligado com o próprio estabelecimento, a gente não tem um aplicativo que faz isso para gente, é direto para o dono do estabelecimento mesmo. Tem muito motoqueiro que dá a vida nisso o dia inteiro, de manhã, de tarde e de noite”, explicou Pedro Augusto S. Valim, um dos organizadores da manifestação.

Diogo da Costa, que participou da organização do protesto, chama a atenção para o fato de que todas as despesas de manutenção da motocicleta ficam por conta do motoqueiro. “A gente tem o custo da moto também. É pneu, é gasolina, a manutenção da moto. Alguns motoboys tem motos com mais cilindrada e gasta mais”.

Os organizadores denunciam a falta do vínculo empregatício e garantias trabalhistas. Eles afirmam que a grande maioria da categoria trabalha na informalidade. “Se fizer uma pesquisa 98% dos empresários dentro da cidade não registra o motoqueiro. Eles usam o motoqueiro como se fosse descartável. Tem vários casos na cidade que o motoqueiro se machuca trabalhando e o proprietário da empresa não dá assistência nenhuma, deixa o motoqueiro a própria sorte’, declarou Tiago.

Conscientização do consumidor

Boanerges chamou a atenção para a importância do consumidor tomar a consciência das condições de trabalho dos entregadores. “Aqui em São João a gente não tem a ponte do aplicativo com o entregador, como é nas grandes cidades. Então acredito que tem de ter uma conscientização do consumidor de que ele pague uma taxa de entrega num valor mais alto, porque além do risco comum de acidente, tem o desgaste do equipamento de trabalho e agora por conta do covid. Que é um risco muito grande que a gente corre estando na rua fazendo entrega”.

Não é uma declaração de guerra

O movimento apesar de reivindicatório, não pretende confrontar proprietários dos estabelecimentos e nem os aplicativos que fazem a intermediação do pedido do comprador. “A gente não está abrindo uma guerra contra eles. A gente só quer os nossos direitos. Só quer trabalhar. A gente quer fazer a nossa parte e estar satisfeito!” declarou Diogo.  

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