Kamila Amaral
Notícias Gerais
Em um vídeo que circula nas redes sociais, um morador de Barroso registrou a chocante imagem de milhares de peixes mortos, em uma das margens do Rio das Mortes. A gravação foi feita no sábado (19).
A população acionou a Polícia Militar e, segundo informações da 13° Companhia de Meio Ambiente e Trânsito da Policia Militar de Barbacena, a ocorrência foi atendida pela unidade da polícia ambiental de São João del-Rei.
O Notícias Gerais tentou entrar em contato com a corporação para obter informações sobre a investigação, mas não obteve sucesso até o fechamento da matéria.
Ainda nas redes sociais, a suspeita é de que a morte dos peixes tenha sido provocada pelo derramamento de diesel no rio, após o acidente com um caminhão que ocorreu nas margens do rio no final de semana.
Mesmo que ainda não se possa precisar com certeza o que causou o acidente, o coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana e Educação Ambiental Crítica do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena, Delton Mendes, ressalta que os cursos hídricos, sejam as nascentes, afluentes ou as canaletas principais, no caso os rios, são muito facilmente poluíveis, principalmente, quando esses fatores de poluição são compostos químicos, como o diesel, por exemplo.
“Isso é muito grave porque vai alterar a composição química da água. Alterando essa composição química, é como se a gente tivesse poluindo a nossa atmosfera de tal forma que a gente não conseguisse respirar. Nesse caso dos peixes é uma coisa similar”, explica Mendes.
Além da possibilidade do acidente causado pelo diesel, ele destaca que vários outros fatores de poluição podem ser considerados, inclusive o despejo de compostos químicos no rio pelas indústrias.
“Alguns casos que a gente acompanha nos últimos anos são de postos de gasolina com vazamento no tanque que fica no subterrâneo”, exemplifica.
O pesquisador esclarece também que alguns seres aquáticos vão conseguir sobreviver mais facilmente a essas alterações na composição da água, no entanto, os peixes e outros animais mais complexos são muito sensíveis a isso.
“É importante lembrar à população que os cursos de água são gerados por nascentes, essas nascentes são geradas por lençóis freáticos e esses lençóis freáticos também podem ser poluídos, por exemplo, por esgoto, de foram indireta. A gente pensa que a poluição consiste apenas em jogar o componente de poluição literalmente dentro do rio, mas muitas vezes a gente acaba poluindo um lençol freático e não, necessariamente, um curso de água”, explica.
No entanto, a poluição da nascente não provocaria uma mortandade tão grande de peixes como o que foi presenciado em Barroso. “Esse caso com certeza foi um produto químico, que a gente não sabe qual, jogado em grande quantidade e inserida naquele curso de água de uma vez só”, afirma Mendes.
Consumo dos peixes
O pesquisador ressalta que a viabilidade para consumo dos peixes em situações como essa é muito incerta, mas que o ideal é não arriscar.
“Depende de análises, mas em geral, se esses peixes morreram, é muito possível que exista algum tipo de material contaminado no organismo desses animais, ou mesmo moléculas tóxicas. Sem contar que, mesmo que tenham morrido por processos naturais, dependendo do estado e tempo de decomposição, bactérias e outros organismos podem já estar atuando no cadáver”, salienta.
Ele orienta que o ideal é que seja feita uma análise da água do local para avaliar suas condições e que esse material seja tornado público e disponível para toda população.
