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NENHUM PAÍS TEM A CONDIÇÃO DE ABSORVER O IMPACTO DA DEMANDA DE LEITOS, SE NÃO ADOTAR O ISOLAMENTO SOCIAL, APONTA PESQUISA

(Foto: Agência Brasil)

André Frigo
Notícias Gerais

Um novo trabalho lançado pelo Imperial College London permite a avaliação das consequências no sistema de saúde no tocante a adoção ou não do isolamento social para combater o novo coronavírus.

Integrante do grupo de estudos que criou o site Covid-19.ufsj.tech, o professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Anderson Latini, reconhece a qualidade da publicação: “(é um) trabalho excepcional, um modelo matemático fantástico. Pegaram parâmetros para todos os países do mundo. E a gente consegue, baseado nos dados nacionais, transpor a realidade de cada município”.

A importância de iniciativas científicas como essas reside no fato de que, com os dados fornecidos, as autoridades federais, estaduais e municipais têm em suas mãos informações concretas para a tomada de decisões – principalmente, sobre a questão do isolamento social. As projeções do site, por exemplo, permitem que os gestores saibam quantos quartos, leitos e vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) serão necessárias a partir de simulações.

A plataforma Covid-19.ufsj.tech apresenta duas situações que estão nos extremos das possibilidades. A primeira adota a quarentena de 75% da população, tendo como consequência 200 mortes por 100 mil habitantes. Já o segundo cenário, com a não adoção ao isolamento social, os óbitos chegam a 1.600 por 100 mil habitantes.

As conclusões são alarmantes e precisam ser analisadas por todos. Os ensaios mostram que nenhum sistema de saúde consegue atender as necessidades causadas pelo coronavírus, caso o isolamento social não seja respeitado. “Quando eles simularam isso no mundo inteiro, vemos que nenhum país, rico ou pobre, tem a menor condição de absorver o impacto da demanda de leitos sem a quarentena. Com 0% de isolamento, a catástrofe é assustadora. O mundo não aguentaria isso”, declara Latini.

Da mesma forma, quando a simulação utiliza o parâmetro de isolamento social de 75% da população, o sistema de saúde passa a ter possibilidades de enfrentar a demanda de pacientes contaminados e de doenças secundárias. “Se a gente inicia um isolamento de 75% da população de um país, a partir do momento que atinge 0,2 mortos por cem mil habitantes, que é a mesma coisa que dois mortos por um milhão de habitantes, os países teriam capacidade de assimilar o impacto baseado no número de UTIs que aparece na internet”, comenta.

Olhando São João del-Rei

Segundo dados da Secretaria de Saúde, São João del-Rei tem, atualmente, 29 leitos de UTI. E, bem como foi previsto e citado pela pesquisa anteriormente, em um cenário, a cidade teria condições de atender a população, enquanto, em outro, o sistema de saúde do município entraria em colapso.

Na primeira situação, 24 leitos de UTIs seriam necessários, contra 108 na segunda hipótese. Já no pico da pandemia, o número ficaria entre seis e 41 pacientes contaminados. Na primeira simulação, a cidade teria uma folga de três leitos disponíveis, enquanto na segunda, faltariam 12 no momento mais crítico da pandemia.

Latini afirma que o estudo e o site não levam em consideração as questões econômicas que devem ser discutidas por especialistas. Ele destaca a importância do modelo de Walker publicado pelo Imperial College na tomada de decisão pelos governos ao redor do mundo. “Depois de ler esse trabalho, eu vi que o primeiro ministro da Inglaterra mudou de estratégia, o Trump também. O que tem de interessar é o seguinte: todos têm que conhecer o tamanho da desgraça que pode acontecer”, analisa.

Isolamento social no Brasil está abaixo do recomendado

De acordo com o site Inloco, a média nacional do Índice de Isolamento Social, neste domingo (5), estava em 62,3%. Em Minas Gerais, o número era um pouco menor, 62,1%.

O estado com maior porcentagem de pessoas respeitando a quarentena e ficando em casa é o Rio Grande do Sul, com 66,8%. Na contramão, está Tocantins, com apenas 56,1%.

Vale destacar que os domingos são dias em que a média sempre é mais alta, mas, no comparativo, esses números vêm diminuindo desde o pico da série, que ocorreu no dia 22/3, com 69,2%. No dia 29/3, o índice caiu para 64,2%, chegando a 62,3% nesse domingo (5/4).  

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