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OUTRO 13 DE MAIO: LABORATÓRIO DA UFSJ PROMOVE LIVE SOBRE A REVOLTA DE CARRANCAS

Foto: reprodução.

Kamila Amaral
Notícias Gerais

Na última sexta (14), o Laboratório de Imagem e Som (LIS), do Departamento de Ciências Sociais da UFSJ (Decis) promoveu um debate virtual intitulado “Um outro 13 de maio – os 188 anos da Revolta de Carrancas (1833)”. A live foi mediada pelo professor Alfredo Nava Sánchez (UFSJ) e contou com a participação dos professores Marcos Ferreira de Andrade (UFSJ) e Marcus Joaquim Maciel Carvalho (UFPE).

Andrade iniciou o encontro virtual contando a história da Revolta de Carrancas e seu impacto na macropolítica imperial da época. Segundo o professor e pesquisador, a Revolta teve início na Fazendo Campo Alegre, na região de Carrancas, quando um grupo de escravizados matou o filho do dono da fazenda, o então deputado Gabriel Francisco Junqueira.

Depois disso, de acordo com o docente, um grupo de cerca de oito escravizados foi até a casa grande, mas a família já havia sido avisada e fugido. Os dois grupos se encontraram na Fazenda de Bela Cruz – que pertencia ao irmão do deputado. Nesse local, segundo o pesquisador, ocorreu o ápice da revolta, com os escravizados matando todos os membros da família Junqueira.

A revolta termina na Fazendo Jardim, onde o dono da fazenda, acompanhado de dois escravizados de confiança, mataram o líder da revolta, Ventura Mina.

Abalo na elite escravista

Além de abalar a elite escravista da época, a Revolta de Carrancas deu início ao debate que culminou na instauração da Lei nº 4, de 10 de junho de 1935, que previa a pena de morte a todos os escravos que matassem ou atentassem, de qualquer maneira, contra a vida de seus senhores e descendentes.

“Do lado dos escravizados foram 21 mortos (…) e nove membros da família Junqueira (…). Então esse é o saldo, extremamente trágico dessa história, mas eu acho que a gente tem que vê-lo para além dessa perspectiva da tragédia, e sim da luta mesmo, da importância da luta pela liberdade”, disse o professor.

Andrade levantou também reflexões acerca da importância das datas na história e da discussão desse “outro 13 de maio”: no caso o dia 13 de maio de 1833 quando houve a Revolta de Carrancas e não o dia 13 de maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea. “As datas são importantes para nos orientar, até no estudo ou na compreensão da complexidade dos processos históricos”, afirmou.

O professor da Universidade Federal de São João del-Rei defendeu a importância da pesquisa histórica e das universidades públicas na produção de conhecimento científico.

“A gente está falando de revolta, a gente está falando de luta. Qual a nossa luta hoje? A nossa luta é defender o que é público, porque assim a gente está defendendo o que é para todos”

– enfatizou Marcos Ferreira de Andrade, professor da UFSJ.

O mediador Alfredo Sánchez reforçou a importância da memória e também da conexão entre passado e presente.

“O passado não deixa de existir. Nesse sentido, eu acho que fica claro também a responsabilidade que a gente tem com esse passado que a gente leva carregando e tem haver com essas lutas que continuam também”, apontou.

Já Marcus Joaquim Maciel Carvalho, docente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), elencou duas características fundamentais da Revolta de Carrancas, a primeira delas sendo seu caráter comunitário.

“Não existe liberdade sem pertencimento, toda busca (…) é uma busca por pertencimento”, destacou.

Outro ponto importante também, segundo Carvalho, é que a Revolta não foi apenas contra membros da classe dominante na época, mas sim da elite imperial: ou seja, atingiu não apenas defensores dessa elite, mas membros dela.

Por outro lado, Carvalho criticou a forma como a história é muitas vezes interpretada e utilizou o 13 de maio de 1888 como exemplo. Na visão dele, a abolição deixa de ser um longo e árduo processo de luta e passa a ser vista como um gesto de bondade da princesa Isabel.

A live completa está disponível aqui.

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