Carol Rodrigues
Notícias Gerais
O documentário “Donos da Rua”, produzido pela jornalista Sofia Pacheco, mostra os processos de inclusão e de representatividade de minorias na Turma da Mônica. Destinada ao público infantil, a criação do cartunista Maurício de Sousa mostra ser mais do que entretenimento: carrega mensagens construtivas e tem papel educador.
De acordo com a produtora, o documentário nasceu de uma inquietude sobre como a Turma da Mônica é tratada no Brasil. “Mais do que ‘coisa de criança’ e mais do que o entretenimento em si, eu queria mostrar que eles carregam várias mensagens mensagem construtiva que, muitas vezes, a gente nem percebe”, conta.
A Turma da Mônica teve seus primeiros gibis lançados em 1970 e tem como protagonistas Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. No entanto, vários outros personagens fazem parte das estórias e casos que ocorrem, principalmente, no fictício bairro do Limoeiro. Nesses personagens, é possível perceber como ocorre a inclusão social nas estórias
Os personagens e as representações
“A Turma da Mônica, naturalmente, traz uma diversidade nos seus personagens: temos personagens brancos, negros, com deficiência física, visual, com transtorno do espectro autista, etc. Todos esses personagens são incluídos nos quadrinhos e nos filmes de forma muito espontânea”, reflete Sofia Pacheco. No documentário, a jornalista analisa quatro deles.
Lucas, Dorinha, Jeremias e Milena foram criados para dar representatividade às minorias e foram pensados e estudados para que a representação não caísse no estereótipo. “Por exemplo, o Luca, que é o personagem com deficiência física, nasceu depois de várias conversas com atletas paralímpicos. Ele é alegre, inteligente e super ativo, não deixa de fazer nada que os outros meninos da Turma da Mônica fazem. O mesmo com ocorre com a Dorinha, com deficiência visual: ela é super antenada na moda, alto astral e com espírito de liderança. E isso se estende para o Jeremias e para a Milena, que são os personagens que representam a população negra”, explica.
Além disso, o documentário também traz a história de Maiklei Arcanjo, que tem deficiência visual e Honiel Souza, homem negro. Eles falam sobre a importância da representatividade e sobre como a Turma da Mônica foi uma parte importante na infância deles.
“Essa nova forma de olhar, esse respeito que o ‘Donos’ devolve pra quem se esforça todo dia pra representar a maior parcela de público possível, é importante por si só. Até como forma de valorizar o que é nosso, que foi produzido desde sempre aqui no Brasil”, diz Sofia Pacheco.
Processo de produção
O documentário foi feito como trabalho de conclusão de curso da graduação na Universidade Federal de São João del-Rei. Para produzir o “Donos da Rua”, era necessário que a empresa da Turma da Mônica autorizasse. Após algum tempo de contato e negociação, a produção foi aprovada e Sofia Pacheco foi para São Paulo fazer gravações.
“Na MSP (Maurício de Sousa Produções) falei com o Amauri, diretor do Instituto Maurício de Sousa, com o Flávio, um roteirista brilhante da Turma da Mônica e com a Marina, filha do próprio Mauricio e roteirista-chefe”. No documentário, eles contam os processos de produção e como a representatividade sempre foi um fator importante na Turma da Mônica.
Para assistir o “Donos da Rua”
O documentário “Donos da Rua” está disponível no YouTube e você pode assistir aqui: