Redação
Notícias Gerais*
A direção da Casa Lar, sediada em São João del-Rei, foi trocada nesta quinta (15), dois dias depois de tornar-se pública denúncia de alimentos com data de validade vencida que foram encontrados na sede da Secretaria de Assistência Social de São João del-Rei, que seria responsável pela gestão e distribuição desses mantimentos para programas como o Cras (Centro de Referência da Assistência Social), Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e para a própria Casa Lar.
A bacharel em Direito, Francisca Rosemeire de Resende, foi quem assumiu o comando da Casa Lar – que é um abrigo provisório de crianças e adolescentes com até 17 anos, que foram encaminhados pelo Poder Judiciário já que se encontravam em situação de risco na cidade.
Entenda o caso
Na última semana, como noticiado com exclusividade pelo Mais Vertentes, após receberem denúncias de que as crianças e adolescentes abrigados na Casa Lar estariam consumindo alimentos e medicamentos com prazo de validade vencido, que poderiam ter sido recebidos por meio da pasta municipal de Assistência Social, os vereadores Igor Sandim (Podemos), Lívia Guimarães (PT) e Rogério Bosco (PT) estiveram na Casa Lar para apurar a situação, juntamente com o Promotor de Justiça de Defesa das Crianças e dos Adolescentes, Adalberto de Paula Christo Leite, e a secretária Municipal de Assistência Social, Aline Gonçalves, e uma das então administradoras da Casa Lar, Bernadete Silva.
Em nota, Lívia confirmou a informação, descrevendo a situação do local que, além de conter produtos vencidos, estavam armazenados incorretamente. “Foram constatadas irregularidades como medicamentos, alimentos e itens de higiene pessoal fora do prazo de validade, além da inconstância no fornecimento de frutas e verduras”, escreveu.
Nesta quinta (15/4), os mesmos parlamentares, juntamente com o vereador Fabiano Pinto (DEM), resolveram visitar o almoxarifado da Secretaria de Assistência Social, que fornece os alimentos à Casa Lar, tendo em vista a situação que presenciaram naquela instituição. Ainda de acordo com o comunicado da vereadora, a secretária Aline Gonçalves, que acompanhou o trabalho de fiscalização, pode verificar as irregularidades encontradas e se comprometeu a resolver as questões levantadas.
“Nos causou espanto e indignação a situação em que se encontra o almoxarifado. Pudemos constatar muitos alimentos fora do prazo de validade ou muito próximos de vencer, armazenamento impróprio e muita desorganização, já que alimentos e produtos de limpeza ficam no mesmo local”, relatou.
Os vereadores acionaram a Polícia Militar e foi feito um boletim de ocorrência para relatar todas as irregularidades no local. Eles também encaminharam um relatório ao Ministério Público e irão levar a denúncia à Polícia Civil e à Câmara dos Vereadores, assim como fizeram em relação à denúncia envolvendo a Casa Lar.
Sob nova direção
A reportagem do Notícias Gerais entrou em contato com a nova gestora da Casa Lar, Francisca Rosemaire de Resende: ela afirmou que o problema já foi sanado e todos os produtos vencidos já foram retirados de estoque e substituídos. “Encontraram realmente (alimentos vencidos), mas já foi tudo verificado e retirado de estoque. Era coisa de um pacote, coisa pequena mesmo. Já está tudo regularizado. Estou começando a nova gestão aqui na coordenação e estamos trabalhando, sendo muito exigentes, dando andamento para o melhor para as crianças da Casa Lar”, declarou.
Ela ainda complementa: “eu não sei o que aconteceu. A gente não pode julgar as pessoas que estavam aqui, mas com certeza, daqui por diante estarei à frente do trabalho, verificando tudo, pois às vezes acontece também de receber alguma doação e a pessoa não atenta quanto à data”, defendeu-se.
Palavra da secretária
A reportagem também tentou contato com a secretária de Assistência Social e primeira-dama de São João del-Rei, Aline Gonçalves; no entanto, não obteve resposta até o momento da publicação desta matéria, às 14h19. Ao jornal Mais Vertentes, ela reconheceu o erro.
“Vou ter que dar a minha mão à palmatória para dizer que, infelizmente, eu não tive muita habilidade, porque a Prefeitura lida com recursos muito escassos. E agora no final de ano, nós tivemos um recurso, uma liberação maior, e a gente pensando em ter material para que a gente pudesse trabalhar. A gente fez uma aquisição muito grande e quando recebemos o alimento, as mercadorias em geral, a gente não ateve para ao prazo de validade que era curto. Então, de dezembro para cá, comecei a receber mercadorias e têm mercadorias que já estão vencendo aí com dois ou três meses da data do recebimento, um prazo muito curto”, justificou à repórter do citado portal, Thais Marques.
A secretária afirmou ainda que “não está acostumada a administrar grandes quantidades de dinheiro”. “Na Prefeitura compra assim: tá precisando hoje, demora 15 ou 30 dias para chegar e fica tudo parado. E quando veio uma quantidade maior, a minha intenção foi fazer um estoque, e não atinamos para esse prazo de validade que era curto”, citou.
Sobre as condições de armazenamento dos alimentos, Aline alegou que o almoxarifado da Secretaria “não é muito grande”. “Como as mercadorias começaram a chegar tudo ao mesmo tempo, não teve tempo hábil e nem espaço o suficiente para adequar essas mercadorias”, apontou.