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ARTIGO: EDUARDO MARINHO É BÁLSAMO CONTRA UTILITARISMOS

Por Eric Nunes*

Juiz de Fora recebeu o filósofo, escritor, artista plástico e celebridade da web Eduardo Marinho, no dia 21/2. A trajetória dele é das mais singulares. Apesar de já ser sexagenário, só foi descoberto pelo público recentemente. Foi o documentário “Observar e Absorver”,  de 2016, que fez com que sua história viralizasse nas redes sociais.

Nascido em uma família rica, aos vinte e poucos anos decide romper com o status quo, sair da casa paterna e peregrinar pelas ruas, em busca um significado para a vida através da experiência de “não possuir nada”. Antes disso, ele ainda chegou a servir o Exército e trabalhar em um alto cargo no Banco do Brasil.

De aspecto simples e muito falador, ele começa a contar sua história, de quando ainda era criança e do mal estar que sentia de haver pessoas o servindo pelo fato de ele possuir maior poder econômico. Os conflitos se aprofundam na adolescência por conta do seu espírito anárquico, da descoberta das drogas e da identificação com os hippies.

Assista aqui o documentário que projetou Eduardo Marinho.

“Ouvi-lo é uma experiência única e marcante num mundo de utilitarismo e pensamento empreendedor.”

Foi aí que ele toma a decisão de comunicar aos pais de que não iria estudar e nem trabalhar. Que passaria a vida viajando e dormindo no tempo, sobrevivendo da venda de artesanato e camisetas.

São histórias de problemas com a polícia, de prisões, da educação dos filhos que teve morando debaixo de marquises e pontes, das passagens por abrigos, da adesão à alimentação macrobiótica (sim, teve isso também), da visão da espiritualidade.

Sem querer converter e sem fazer concessões, sua mensagem é impactante e leva a questionamentos e epifanias. Segundo ele, seu pensamento pode ser resumido em três palavras: “É tudo mentira”, se referindo à sua negação dos valores e instituições do capitalismo: pátria, igreja, família, trabalho, vida social, casamento.

Eduardo Marinho com o Eric Nunes. (Imagem: Eric Nunes/Arquivo pessoal)

Sem arrependimentos aparentes, ele conclui afirmando que teve a melhor das vidas e que morreria feliz a qualquer momento, por ter vivido de forma intensa e do jeito que quis. Tal afirmação causa um misto de admiração e inveja, porque bem poucos podem dizer isso da própria vida.

Ele me disse que ficaria um tempo em Minas Gerais e que faria várias palestras pelo Estado. Então, se ele passar pela cidade de vocês, não pensem nem meia vez em não assistir. Ouvi-lo é uma experiência única e marcante num mundo de utilitarismo e pensamento empreendedor.

*Juizforano, servidor público, ligado em política, amante da cibercultura e da cena pop.

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