Por Claudia Santiago Giannotti *
A história do 1º de Maio vem de longe. Vem do tempo do surgimento das fábricas há uns 200 anos. Naquele tempo, os operários viviam numa grande miséria. Trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia. Não havia descanso semanal, nem férias. Para o mundo do trabalho, não havia leis.
Alguma coisa nessa história te lembra os dias de hoje?
A mim lembra. E muito. Estamos, ano após ano, voltando para um mundo do trabalho sem leis, sem férias, sem descanso. E, sequer, sem salário garantido no fim do mês.
Estamos passando por uma brutal retirada de direitos. E vendo crescer o número de trabalhadores e trabalhadoras entregues à própria sorte.
Há 20 anos os direitos trabalhistas são ‘flexibilizados’ e desregulamentados. Hoje, mais de 40% dos trabalhadores não têm direito algum e são incentivados a empreender. O empreendedorismo é uma mentira. É fruto de uma política ultraliberal de retirada de direitos. É o cada um por si… Empreenda e se vire…
Nesse quadro, é muito importante conhecermos a história das lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Podemos aprender com ela, e nela encontrar dicas para enfrentar a exploração dos trabalhadores.
Precisamos de um novo 1º de Maio. Uma nova explosão de lutas. Por elas passa a sobrevivência da humanidade.
Precisamos de um novo 1º de Maio. Uma nova explosão de lutas. Por elas passa a sobrevivência da humanidade.
Por que celebramos o 1º de Maio?
Em 1866, a Internacional (AIT – Associação Internacional doa Trabalhadores, também conhecida como 1ª Internacional) declarou a jornada de trabalho de 8 horas como luta central dos operários.
Anos depois, em 1884, a Federação Americana do Trabalho (AFL – American Federation of Labor) realizou um congresso no qual ficou decidida a realização de uma greve geral pelas 8 horas, em todo o país (EUA), em 1886.
Em abril de 1886, em várias cidades americanas explodem greves isoladas muito reprimidas pela polícia. Na madrugada do dia 30, véspera do dia 1º de maio, debaixo das portas das casas dos operários de Chicago, apareceu um panfleto que dizia: “A partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de 8 horas por dia. 8 horas de trabalho, 8 de repouso e 8 de educação”.
Numa dessas greves, a polícia ataca e mata nove grevistas. No dia 4 de maio, os trabalhadores fazem um comício para protestar e chorar seus mortos. De repente, misteriosamente, uma bomba explode no pelotão dos policiais. É a senha para eles começarem a atirar sobre os manifestantes. Enquanto isso, a polícia cerca o palanque e prende todos os oradores.
Sete líderes sindicais são presos: August Spies, Sam Fielden, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Schwab, Louis Lingg e Georg Engel. Todos foram julgados culpados em 9 de outubro de 1886. Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies são condenados à forca. Fielden e Schwab, à prisão perpétua. Neeb, a 15 anos de prisão.
As últimas palavras de Spies, antes do enforcamento, são: “Adeus, o nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estrangulam”. E assim foi.
Em 1891, a Internacional Socialista, no seu 2º Congresso, decreta que o 1º de Maio seja comemorado todo ano como Dia Internacional dos Trabalhadores. E assim é…
Mesmo quarentenados, nós estamos aqui e vamos celebrar o 1º de Maio.
Mais sobre essa linda história, só lendo o Caderno do NPC.
Em agradecimento a todos os que vieram antes de nós, em todas as partes do mundo, o Núcleo Piratininga coloca à disposição para download, o seu caderno sobre a História do 1º de Maio.
Nossos agradecimentos especiais aos nossos professores Vito Giannotti e Reginaldo Carmelo de Moraes (in memorian), e a José Luiz Del Roio, pelo livro “A História de um Dia 1º de Maio”, que foi nossa fonte de inspiração para esse trabalho.
* Claudia é jornalista e historiadora