Início Opinião CRÔNICA: O SOFISMA SOCRÁTICO E A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

CRÔNICA: O SOFISMA SOCRÁTICO E A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Em Atenas, a homenagem à Sócrates, o filósofo “parteiro de ideias”. Foto: Reprodução/ Redes sociais

Gabriela Moreira Lima *

“Só sei que nada sei” – Sócrates. A célebre frase do filósofo está definindo o sentimento sobre como age a Covid-19, seus impactos, a gravidade dos seus impactos, a duração do isolamento social, como será a vida após essa pandemia no ano de 2020, como será a política daqui pra frente, enfim, muitas incertezas atuais.

Tudo bem que os jornais nos alertam a todo momento sobre novos casos, novos óbitos, melhoras e pioras em locais diferentes. Porém, com tanta informação, a capacidade de se sentir cada vez mais confuso é mais provável do que se obter o pleno conhecimento da sobrevivência na pandemia, sendo que nem os médicos estão totalmente certos de como isso vai ser.

com tanta informação, a capacidade de se sentir cada vez mais confuso é mais provável do que se obter o pleno conhecimento da sobrevivência na pandemia, sendo que nem os médicos estão totalmente certos de como isso vai ser.

É claro que assim como Sócrates era muito sábio, mas ainda admitia sua própria ignorância, nós também somos muito sábios na ciência dos cuidados que devem ser tomados, porém admitimos nossa própria ignorância por não sabermos a duração desses comportamentos. E acabamos sendo tomados pela ansiedade de quebrar as regras de higiene e isolamento social para vivermos conforme antes.

Como é um vírus que se transmite pelo ar, a não aglomeração, o uso de máscaras, o álcool em gel nas mãos e saídas reduzidas são todas de enorme necessidade. No entanto, nem sempre a autoridade máxima consegue ajudar na conscientização dessas atitudes e a ignorância por parte dela fica cada vez mais admitida  ao chamar o coronavírus de “gripezinha”, a querer estimular o comércio sem precauções, ao demitir quem contraria sua  ideia de abertura ou quaisquer ideias que tal autoridade tenha.

Mas calma… o “Só sei que nada sei” não é de todo ruim, na verdade o filósofo apenas dizia ter a mente livre de conhecimentos fixos para poder dar entrada a cada vez mais intelecto por meio dos questionamentos e do “parto das ideias” que seria a busca por algo além do que é conhecido. O mesmo se vale nessa época de quarentena, enquanto temos muito tempo livre por tempo indeterminado, podemos estimular a imaginação como uma criança sem entendimento de mundo e fazer algo artístico ou qualquer passatempo inovador e imaginativo que não se limite aos metros quadrados que nossa residência tem.

enquanto temos muito tempo livre por tempo indeterminado, podemos estimular a imaginação como uma criança sem entendimento de mundo e fazer algo artístico ou qualquer passatempo inovador e imaginativo que não se limite aos metros quadrados que nossa residência tem.

Se preferir  algo mais realista, questionamentos sobre a política atual é o que não falta, e ainda mais sobre o modo que ela se comportará daqui para frente junto com outras mudanças que 2020 já está tendo: sejam elas boas, como as reduções de poluições graças à benevolente redução de humanos, ou ruins, como a drástica crise na economia, além de mudanças inevitáveis nos novos comportamentos sociais e a ascensão de empregos tão anteriormente subjugados.

Apesar dos bons conselhos, Sócrates acabou morrendo envenenado. Nós também morreremos e provavelmente não será de veneno nem de Covid-19, mas podemos aproveitar enquanto vivos e isolados a vivência que o filósofo teve, sempre com a mente aberta e dispostos a conhecer o mundo, mesmo que, no nosso caso, seja de dentro da nossa casa.

  • É estudante de Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano.

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