Najla Passos
Notícias Gerais
Das quatro pessoas testadas positivo para Covid-19 em Santa Cruz de Minas, desde o início da pandemia, duas estão recuperadas e duas morreram, segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta segunda (8).
Mas atenção: isso não quer dizer que só metade das pessoas infectadas com o novo coronavírus sobrevivem ou, para usar o termos científico, que a taxa da letalidade da Covid-19 está em 50% no município. Há outros fatores que precisam ser considerados.
Segundo a secretária de Saúde de Santa Cruz de Minas, Rita de Cássia Aguiar Barboza, o município obedece aos protocolos para testagem prescritos pelo Ministério da Saúde, que orienta que os exames sejam aplicados apenas em pacientes em estado grave, profissionais de saúde e da área da segurança pública.
Por isso, uma parcela muito reduzida da população é submetida aos exames. “O número de testes que recebemos do Ministério da Saúde até agora, desde o início da pandemia, seria suficiente para testar pouco mais de 1% da população do município”, explica ela.
Conforme a secretária, o percentual inclui tanto os exames laboratoriais quanto os testes rápidos. “Dos quatro pacientes confirmados, três foram submetidos aos exames de laboratório e um ao teste rápido”, contabiliza.
“Me sinto muito frustrada quando saio de uma unidade de saúde, com os profissionais cansados de lutar contra a doença, e vejo as ruas cheias de gente, com crianças correndo pelas ruas, soltando pipas, como se nada houvesse mudado”
Secretária de Saúde de Santa Cruz de Minas
Aquisições diretas
Rita de Cássia conta que, desde o início da pandemia, o município vem tentando adquirir testes rápidos para aumentar a testagem, o que foi feito por meio do Consórcio Intermunicipal de Saúde das Vertentes (Cisver).
Entretanto, os exames ainda não chegaram devido à problemas com a empresa fabricante, que não tinha seu produto aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à época.
“O que aconteceu com os testes rápidos foi mais ou menos o que aconteceu com o álcool em gel, no início. Como poucas empresas fabricavam, era caro e difícil de encontrar no mercado”, compara.
A secretária areessalta que a aquisição via Cisver trouxa muitas vantagens. “Nós conseguimos adquirir os testes rápidos por R$ 73 a unidade, enquanto muitos municípios que compram sozinhos, em menor quantidade, estão pagando até R$ 108 por unidade”, exemplifica.
Foto: Scarlet Freitas
Acesso aos leitos hospitalares
A secretária de Saúde de Santa Cruz de Minas afirma que, até o momento, o município não teve nenhuma dificuldade de conseguir acesso aos leitos hospitalares destinados aos pacientes com Covid-19 na rede de saúde de São João del-Rei, cidade polo da microrregião.
“Com o aumento dos leitos na cidade, a situação está tranquila. O problema é que os números mudam a toda hora. Na quinta passada, quando fechamos o último boletim, não tínhamos mais nenhum caso, e hoje já são mais três”, exemplifica.
Para a secretária, a forma diferenciada com que São João del-Rei lida com o combate à pandemia preocupa, porque as cidades estão ligadas geograficamente, com grande fluxo de pessoas entre um município e outro.
“Ao contrário de município mais distantes, como Ritápolis e Conceição da Barra, por exemplo, nos não conseguimos nos isolar e somos muito afetados pelas decisões tomadas por São João del-Rei”, avalia.
Barreiras sanitárias
Conforme ela, a decisão de suspender as barreiras sanitárias instaladas no início da pandemia se deveu a dois fatores. Primeiro, ao fato de que a circulação de pessoas entre os dois municípios é necessária para garantir empregos e serviços.
Segundo, porque a Prefeitura avaliou que os servidores que ficavam nas barreiras seriam mais úteis em outras ações de fiscalização em Santa Cruz. “Hoje, estes servidores atuam nas fiscalizações da casa lotérica e da cachoeira, dois pontos de grande circulação de pessoas”, esclarece.
Ela lembra que a Prefeitura chegou a fechar o acesso à cachoeira e já realizou diversas ações de conscientização no local. “Volta e meia, identificamos pessoas fazendo churrasco e utilizando os espaços públicos como se não estivéssemos em meio à pandemia”, relata.
A Prefeitura criou um canal para as pessoas denunciarem, por mensagem, ações de descumprimento do isolamento social. O WhatsApp é o (32) 99811-2892 e as denúncias podem ser encaminhadas de segunda à sábado, das 9h às 17h.
Desafios e frustações
Rita de Cássia afirma que sua maior frustração na luta diária contra a Covid-19 é perceber que as pessoas não estão tratando com seriedade as recomendações das autoridades sanitárias.
“Me sinto muito frustrada quando saio de uma unidade de saúde, com os profissionais cansados de lutar contra a doença, e vejo as ruas cheias de gente, com crianças correndo pelas ruas, soltando pipas, como se nada houvesse mudado”, desabafa.
Segundo ela, as pessoas precisam entender que as crianças são vetores de transmissão, porque elas são resistentes à doença e, por isso, muitas vezes a desenvolvem de forma assintomática.
“A criança pode até ser infectada e não ter nada, mas ela pode acabar transmitindo para os avós, para outros membros da família que irão sofrer com isso. Por isso, cada pessoas precisa se conscientizar da responsabilidade de cada um nesta luta”, afirma.
