Alexandre Frigo *
Outro dia conversávamos à mesa enquanto tomávamos um café bem mineiro com bolo, pão de queijo, pão, rosca, uma mortadela para comer com pão de queijo, tinha também um queijo (que era para comer com pão de queijo), umas rosquinhas e mais um punhado de coisas. Mas aí eu me dei conta de que faltava algo. Faltava uma broa e com queijo por sinal. Em uma mesa farta como essa, como não tem broa?
Lembro-me de que lá em casa quando um leite talhava era sinal de que ia ter broa para o café. Se tivesse um queijo para pôr no meio então, meu amigo! Era motivo de alegria, de uma certa discórdia e de histórias, esta última, sempre presente.
A discórdia ficava por conta da altura da broa e das bordas. Tem a turma que prefere uma broa mais fina. Outros, uma mais alta. Tem a turma que aprecia as bordas em oposição aos que preferem o meio. A turma da borda com broa fina e a turma da borda com broa alta e, aqueles que comem qualquer uma e qualquer pedaço. O que era sempre motivo de alegria pois o debate estava aberto e franqueado. Até onde eu sei, a unanimidade era o queijo na broa. Assado junto com ela, ele derretia e ficava dourado por cima igual a broa. E aí entra a parte das histórias que D. Maria, com um certo saudosismo, nos contava.
Reza a lenda que, nos tempos idos de Ibitutinga, D. Albertina fazia broa com queijo que era assada em um forno do fogão a lenha. Ela colocava a massa da broa em um tabuleiro e depois vinha distribuindo, ao longo dela, pedaços de queijo e depois levava para assar. Uma vez pronta e devidamente esfriada, era levada para a mesa do café. Até aí tudo bem. Ocorre que depois, a mesa era recolhida. O café ficava em um bule em banho-maria no fogão a lenha e o tabuleiro de broa tampado com um pano de prato com as bordas de crochê e imaculadamente branco. Qual não era a surpresa quando se levantava o pano de prato para pegar um pedaço de broa e ela estava igual a um queijo suíço. Zé Theodoro sempre que passava para um gole de café, catava só o queijo da broa. Motivo de ira de D. Albertina.
Como a história tende a se repetir, lá em casa era a mesma coisa. Tinha sempre um que catava o queijo da broa. Eu particularmente nunca fiz isso! Deus é testemunha! Mas adorava, como ainda adoro, catar a borda de uma broa quente. Fazia isso sob os protestos de D. Maria que falava que comer broa quente dava dor de barriga. Se dava, eu não me lembro, mas é bom demais da conta.
Ingredientes de broa de milho com queijo
3 copos de fubá
1 copo de farinha de trigo
1/2 copo de óleo de soja
3 ovos
2 colheres bem cheias de manteiga
2 copos de açúcar refinado
250 g de queijo minas picado
2 copos de leite
1 colher de sopa de fermento em pó
Como fazer
Bater no liquidificador o leite, o açúcar, a margarina, os ovos e o óleo. Misturar o fubá e a farinha de trigo. Em seguida junte os ingredientes que foram batidos no liquidificador e misture bem. Adicione o fermento e misture bem.
Untar um tabuleiro com óleo e farinha de trigo e adicione a massa. Colocar os pedaços de queijo por toda a massa, afundando ligeiramente. Levar ao forno, previamente aquecido, de 180°C a 220°C por cerca de 40 a 50 minutos.
* É chef de cozinha.
