Início Gerais Brasil MULTINACIONAL QUE OPERA EM BARROSO VAI DEIXAR O PAÍS

MULTINACIONAL QUE OPERA EM BARROSO VAI DEIXAR O PAÍS

Foto: Wanderson Nascimento Foto: Wanderson Nascimento

Redação
Notícias Gerais*

A maior fabricante de cimento do mundo, a multinacional franco-suíça LafargeHolcim, comunicou à filial brasileira que pretende deixar de operar no país. A venda de sua operação no mercado brasileiro é estimada em até US $ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bilhões).

A LafargeHolcim está presente em Barroso, com uma fábrica com capacidade de produção de 3,6 milhões de toneladas/ano, e em Barbacena, com um terminal de carga.

No Brasil, são 1400 funcionários ao todo, com presença em três das cinco regiões: Sudeste (SP, RJ, MG e ES), Nordeste (BA, PE, PB e RN) e Centro-Oeste (GO). Em Minas, a empresa também está presente em Uberaba, Montes Claros e Pedro Leopoldo.

De acordo com a agência Bloomberg, a empresa franco-suíça contratou o Banco Itaú BBA para assessorar no possível desinvestimento. Segundo pessoas de dentro da empresa, que pediram para não ser identificadas, a LafargeHolcim poderia vender todas as suas fábricas locais no Brasil para um comprador ou dividir os ativos.

Desde um plano de recuperação anunciado em 2018, a empresa com sede na Suíça tem procurado reduzir as atividades fora da Europa em países como a Indonésia e a Malásia. Os planos de se desfazer de seus ativos no Brasil dão continuidade a esse esforço. A LafargeHolcim tem 12 fábricas no Brasil, de acordo com a associação nacional de produtores de cimento SNIC. Representantes da empresa e do Banco Itaú não quiseram comentar.

As vendas de cimento no Brasil estão subindo novamente após anos de retração, impulsionadas por empresas de construção que permaneceram ativas durante os bloqueios de pandemia e aquelas que trabalham em casa procurando reformar suas casas. No período de 12 meses até março, foram comercializadas 62,9 milhões de toneladas de cimento no país, um aumento de 15% em relação ao ano anterior, mostram os números do SNIC.

As ações da LafargeHolcim subiram quase 59% nos últimos 12 meses, dando a ela um valor de mercado de 35 bilhões de francos suíços (US $ 38 bilhões).

A reportagem do Notícias Gerais entrou em contato com a empresa, que não quis se manifestar sobre o assunto.

Repercussão em Barroso

Em Barroso, a notícia repercutiu, causando reações diversas na população. O sociólogo barrosense Antônio Claret fez uma postagem no Facebook, analisando os impactos da saída da empresa na cidade. “O processo de desindustrialização pelo qual passa nosso país há 30 anos e a forte recessão econômica que já dura cerca de sete anos agora chegam como um tsunami em Barroso”, declara.

O estudioso também revela a preocupação com os empregos. “De qualquer forma e independentemente do comprador, é possível esperar também uma mudança na cultura organizacional da fábrica, nas relações de trabalho e na adoção de novas tecnologias. O tamanho dessas transformações e seus impactos para a produção, emprego e arrecadação restam ainda para serem observados. O que fica para nós barrosenses é a sensação de urgente necessidade de repensar e abrir caminhos novos e inovadores para nosso desenvolvimento. A grande maioria das práticas e soluções do passado não vão mais nos guiar com segurança para o futuro”, conclui.

Os internautas também comentaram, a maioria em tom de lamentação e preocupação. “Mais uma notícia triste para a minha cidade de coração, muito preocupante… Só peço a Deus para proteger todos aqueles que fazem parte dessa família LafargeHolcim a encontrar novos horizontes, assim como um dia eu encontrei. Força, Barroso!”, ponderou uma cidadã.

No entanto, alguns comemoraram. “JÁ VAI TARDE. Que sejam bem vindos os novos proprietários, que tragam prosperidade para o município, que possam gerar mais empregos, que deem preferência para mão de obra local, que poluam menos nosso meio ambiente, que trate com mais respeito os caminhoneiros, que tenha mais participação na comunidade. Enfim, sejam bem vindos”, declara um barrosense.

Outros internautas repudiam ainda com mais força, torcendo pela desativação da fábrica, que é a principal pagadora de impostos para o município “Para ser sincera essa fábrica só pensa no umbigo dela, o melhor que ela não existisse em Barroso… Fosse em um lugar isolado, o que adianta gerar empregos e matar muitos de câncer, para mim ela tinha que ser desativada da cidade, ela polui muito ar, adoece muito, muitos pagam com a vida, a ganância desse povo, e pouco ela faz para Barroso”, declara outra barrosense.

A ex-vereadora Verinha Rodrigues também se manifestou. “Esperamos que a política econômica brasileira melhore para que as empresas parem de se evadir do país. Estamos vivenciando um retrocesso industrial e social na nossa nação”, destaca.

Empregos em Barroso

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Barroso está com saldo positivo em 2021 do número de admissões em relação ao número de demissões. Neste ano, foram 191 trabalhadores admitidos, contra 138 demitidos, um crescimento de 2,15%.

Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, foram 846 admissões e 695 demissões, um crescimento de 6,28% e um saldo positivo de 151 empregos gerados.

*Com informações da agência de notícias Bloomberg

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